quinta-feira, 27 de junho de 2013

Vi uma super camiseta e um short pequenino


Bem, já era de se imaginar que o pai do Lucas ia sumir algum dia, mas foi meio vazio. Não houve um porque, não houve explicação alguma. Brigaram por qualquer motivo e ele se foi. Deve ser triste. Eu não sei, quando meus pais se separaram eu era uma bebê chorona, por isso eu não posso dizer qual foi o sentimento. E ele aí, me hospedando quando dei uma de menina mimada, deixando a vergonha de lado pra cuidar da minha doença. Sei lá hein, acho que não retribuo nem metade do que ele faz por mim. Agora que eu to refletindo, nem lembrei que hoje de manhã tinha aula. Se bem que, acho que o Lucas também não foi. Meu pai deve ter passado por aqui umas 9 horas e o Lucas estava falando comigo no momento. Nossa! eu só sou um peso pra todo mundo. Bom que só existem três pessoas nesse meu mundo. Não, pera, tem o Rê e o Yuri que estão entrando na minha vida também. Puts, lá vem merda.

Terminei meu banho, botei minha toalha e gritei pro Lucas:

- Luuuucas, o que eu faço agora?

- A roupa ta no quarto. Se vista e vem jantar. - gritou ele, vindo da cozinha.

 Entrei e vi uma super camiseta e um short pequenino. Precisei rir. O que era aquilo? Enfim, pelo ou menos me serviu. Cheguei à cozinha e o Luc parou o que estava fazendo e me olhou de cima a baixo. Ele riu e disse:

- Não imaginei que ia botar mesmo...

- Como assim? Está louco é? Eu não ia ficar de toalha.

- Ta bom, agora vai lá e bota um moletom meu. - falou ele, rindo.

Fui contra minha vontade até seu quarto. Felizmente eu amava seus moletons, ficavam grandes e tinha cheiro de Lucas. Aquele guri podia ser inútil, mas tinha o perfume.

Parei para refletir de novo e reparei que tinha teatro e eu não fui. EU NÃO ACREDITO! Cara, eu não posso faltar teatro, sendo que mês que vem tem peça para apresentar. 

Corri em direção ao Lucas enquanto falava:

- Lucas, que horas são?

- Onze e meia, por quê?

- Que merda!

- Que foi guria?

- Não fui à aula de teatro!

- Ah, falando nisso... Nem teve teatro hoje.

- Sério? Que alívio.

- Aham, o professor acabou trancado no trânsito por causa da chuva.

- Ai, que sorte que eu tenho. Nem estou acreditando no que tu ta falando.

- Mas é verdade. Ah! Tem outra coisa. Hoje o Renato ligou para o seu celular, que você esqueceu aqui ontem.

- Nem tinha percebido. O que ele falou?

- Ele queria saber o que houve contigo.

- Ah, e tu falou o que?

- Expliquei tudo. Falei que você desmaiou e ficou aqui ontem. E falei que hoje seu pai a levou ao hospital e que tu estava com anemia.

- Por que falou isso?

- Ué, porque ele é seu amigo e merece explicações.

- Tu explicou demais Lucas. Não sabe que tem coisas que a gente conta para algumas pessoas e outras não?

- Af, deixa de manha guria.

- Agora vou ter que acalmar o guri.

- Ta, pode acalmá-lo depois, agora vem comer.

- O que vamos comer?

- Um prato especial da casa: miojo.

- Ta zoando com a minha cara né?

- Não.

- Vai tomar jeito guri!

Fui obrigada a comer.

A mãe do Lucas chegou em casa. 
Mentimos que eu tinha combinado com o Lucas de vir dormir aqui hoje e ela acreditou. Falamos também que eu tinha esquecido minha camisola e ela deu algum pijama seu. Seu humor estava pra baixo, ela exibia uma aura triste, mas mesmo assim foi simpática e prestativa como sempre.


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