sábado, 1 de junho de 2013

Um olhar de desespero


Lucas me olhou fixamente.

- O que eu faço agora Ísis? Eu não sei mais nada... - aquele olhar desesperado estava me deixando muito mal.

- Eu não sei Lucas... Você sabe, eu mal conheci minha mãe.

Agora eu já estava com rancor, tristeza, pena, tudo misturado dentro do meu coração. Nós dois estávamos sentados, abraçados e chorando aos prantos na frente daquela casa destruída da amante do pai dele. Lucas me apertou mais forte e escondeu meu rosto no seu peito como se não quisesse me ver do jeito que estava. Ele esperou eu limpar minhas lágrimas com as mãos para tirar seus braços que estavam envolvendo meu corpo. Quando eu levantei minha cabeça Luc me olhou, de novo com aquele olhar triste, à procura de algum conforto para seu coração. Sua mão passou pelo meu pescoço e parou na minha nuca. Ele foi chegando cada vez mais perto, seu nariz encostou-se ao meu e eu não o impedi de nada. Me beijou tão intensamente que eu me admirei. Tirando essa vez, nunca havia beijado Lucas, nem brincando quando éramos pequenos. Ele se deitou no chão frio e me puxou junto. Suas mãos já estavam passando da minha barriga até às costas. 

Então os beijos viraram selinhos e ele começava a se sentar me levando junto. Se levantou e ofereceu ajuda para que eu me levantasse também. Sempre olhando para outro lugar, menos para mim. Quando eu me levantei ele me abraçou e pediu desculpas.

- Eu não sabia o que estava fazendo... Desculpa Ísis, eu não estava consciente. Você sabe, eu não estou bem.

- Eu não o culpo. - falei devagar, sem acreditar no que tinha acabado de acontecer.

- Porque você não me impediu de fazer essa merda?

- Eu também estou mal. Ou você não percebeu?

- Sim, me desculpa. Eu sinto muito... Você ainda vai dormir na minha casa? - ele falou pausando em algumas palavras.

- Vou, eu não posso voltar pra casa à uma hora da manhã. - eu estava triste e decepcionada, mas eu não podia chegar tão de repente à essa hora da madrugada em casa.

- Vamos então.

Ele fez um sinal para eu ir na frente. Poderia estar envergonhado pelo o que ele acabará de fazer. Não, melhor, tenho certeza de que ele ficou com vergonha. Afinal, sempre fomos melhores amigos. Eu não sei por que eu o deixei fazer isso sem impedir em nenhum momento. É provável que seja a carência que a tristeza trouxe. Eu estava invulnerável, só podia ser. Peguei o skate que estava na mão dele e fui andando até sua casa. Entramos pela janela. Eu fui me arrumar para dormir por enquanto que ele fez nossas camas. Quando entrei no quarto ele não estava ali, devia ter ido tomar algo na cozinha. Deitei-me na cama que supostamente seria a minha e adormeci.

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