Lucas me olhou fixamente.
- O que eu faço agora Ísis? Eu
não sei mais nada... - aquele olhar desesperado estava me deixando muito mal.
- Eu não sei Lucas... Você
sabe, eu mal conheci minha mãe.
Agora eu já estava com rancor,
tristeza, pena, tudo misturado dentro do meu coração. Nós dois estávamos
sentados, abraçados e chorando aos prantos na frente daquela casa destruída da
amante do pai dele. Lucas me apertou mais forte e escondeu meu rosto no seu
peito como se não quisesse me ver do jeito que estava. Ele esperou eu limpar
minhas lágrimas com as mãos para tirar seus braços que estavam envolvendo meu
corpo. Quando eu levantei minha cabeça Luc me olhou, de novo com aquele olhar
triste, à procura de algum conforto para seu coração. Sua mão passou pelo meu
pescoço e parou na minha nuca. Ele foi chegando cada vez mais perto, seu nariz encostou-se
ao meu e eu não o impedi de nada. Me beijou tão intensamente que eu me admirei.
Tirando essa vez, nunca havia beijado Lucas, nem brincando quando éramos
pequenos. Ele se deitou no chão frio e me puxou junto. Suas mãos já estavam
passando da minha barriga até às costas.
Então os beijos viraram
selinhos e ele começava a se sentar me levando junto. Se levantou e ofereceu
ajuda para que eu me levantasse também. Sempre olhando para outro lugar, menos
para mim. Quando eu me levantei ele me abraçou e pediu desculpas.
- Eu não sabia o que estava
fazendo... Desculpa Ísis, eu não estava consciente. Você sabe, eu não estou
bem.
- Eu não o culpo. - falei
devagar, sem acreditar no que tinha acabado de acontecer.
- Porque você não me impediu de
fazer essa merda?
- Eu também estou mal. Ou você
não percebeu?
- Sim, me desculpa. Eu sinto
muito... Você ainda vai dormir na minha casa? - ele falou pausando em algumas
palavras.
- Vou, eu não posso voltar pra
casa à uma hora da manhã. - eu estava triste e decepcionada, mas eu não podia
chegar tão de repente à essa hora da madrugada em casa.
- Vamos então.
Ele fez um sinal para eu ir na
frente. Poderia estar envergonhado pelo o que ele acabará de fazer. Não,
melhor, tenho certeza de que ele ficou com vergonha. Afinal, sempre fomos
melhores amigos. Eu não sei por que eu o deixei fazer isso sem impedir em
nenhum momento. É provável que seja a carência que a tristeza trouxe. Eu
estava invulnerável, só podia ser. Peguei o skate que estava na mão dele e
fui andando até sua casa. Entramos pela janela. Eu fui me arrumar para dormir
por enquanto que ele fez nossas camas. Quando entrei no quarto ele não estava
ali, devia ter ido tomar algo na cozinha. Deitei-me na cama que supostamente
seria a minha e adormeci.
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