terça-feira, 18 de junho de 2013

Lucas é o único que pode lidar comigo quando estou de TPM


Oi, eu estou aqui. Onde? Adivinhem. 

Não é óbvio? Cheguei à casa do Lucas completamente molhada. Bati na porta, mas é claro que a minha situação tinha que piorar. Não havia ninguém em casa. Pensei em sentar onde houvesse telhado ali por perto e esperar alguém aparecer, mas o meu pai com certeza ia aparecer por ali me procurando. Então decidi dar minha caminhada do dia. 

Meu pai acha que tem algum direto de proibir com que me encontre com aquele que é meu amigo desde a minha infância. Ele está completamente enganado. Eu só tenho à ele para recorrer em qualquer situação. Até se eu estiver de TPM é ele que eu vou procurar porque na minha casa só existem homens. Sim, eu sei que o Lucas é homem também, mas ele é um homem que sabe como me acalmar em momentos de estresse e que também tem calma nesse tipo de situação. Ele me ajudou com a minha primeira paixão. Fez de tudo para que ficássemos juntos e quando não deu certo passou todos aqueles momentos de angústia comigo. Ele estava lá quando minha mãe morreu. Eu lembro tão bem disso que nem acredito que tinha três anos. O Lucas estava com cinco anos na época. Eu não entendi tudo na hora, como já tinha propriamente dito, mas ver meu irmão e meu pai chorando foi um motivo para ficar triste. E o Lucas sabia o que aquilo significava - como ele sabia, eu não sei - e me deu um daqueles abraços sinceros que só criança pode dar e animais podem transmitir. Eu me senti tão confortável... Me senti junto da minha mãe. Desde aquele dia, Lucas é como uma mãe pra mim. Brigar com Lucas é como ver as lágrimas no rosto de uma mãe sabendo que você foi o causador delas.

Eu fui caminhando por entre as árvores quando possível. E de repente vi Luc segurando um guarda-chuva. Eu não pude acreditar. Corri para ele, ainda meio tonta, e literalmente me atirei nos seus ombros. Ele me abraçou, provavelmente para que eu não caísse.

- Me desculpa. Me desculpa por tudo. Desculpa por ir para o hospital porque não comi bem. Me desculpa por fazer você se sentir humilhado. Desculpa pelo meu pai idiota. Me desculpa por fazer com que você ficasse esperando na porta da minha casa com aquele mini guarda-chuva. E também me desculpe por estar te abraçando toda encharcada e enchendo os seus ouvidos de desculpas - gritei para ele, mesmo estando no meio da rua, para que até meus pensamentos sem sentido ouvissem.

Lucas tirou meus cabelos dos olhos sem delicadeza alguma. 

- Te acalma mulher! Eu não te culpei de nada para que você se obrigasse a pedir desculpa. Sobre o hospital, a culpa não é sua e sim da sua vontade. E além do mais, eu deveria ter te levado ao hospital quando te encontrei inconsciente. A culpa é minha, então você que me desculpe.

- Mas eu podia me esforçar e comer mais.

- Posso continuar?

- Por favor.

- Eu me senti humilhado sim, mas a culpa também não é sua porque eu estava invulnerável e carente. O seu pai não é idiota, só quer o melhor pra você. E eu te esperei na frente da sua casa porque estava preocupado e não fui corajoso o suficiente para ir ao hospital e perguntar por você ou enfrentar seu pai na hora que ele estava saindo da minha casa para te levar. Então o problema é meu e somente meu. Por fim, eu realmente não me importo se está me molhando ou algo de gênero. Pelo contrário, estou feliz que estejamos nos dando bem.

Eu estava chorando, de emoção e de tristeza. Essa mistura de sentimentos me irrita. Não há coisa mais chata que não ter certeza do que está sentindo e pensando.

- Me desculpa? - disse ele.

- Te desculpo. - quis protestar, mas sabia que não levaria a lugar algum. 



Um comentário:

  1. Nossa parecia muito eu, ele falando e ela ente rompe ele, e ele fala "posso continuar" >.<

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